Codalc

É Tempo de Advento! É tempo de Solidariedade!

É TEMPO DE ADVENTO! É TEMPO DE SOLIDARIEDADE!   A causa dos Direitos Humanos pertence ao cerne das Sagradas Escrituras. Como filhas e filhos de Deus temos direitos inalienáveis à vida, à dignidade e à participação. A violação desses direitos fere profundamente a imagem de Deus no ser humano e se opõe à finalidade da Criação. O direito pisado, especialmente o direito do pobre, é assumido por Deus como causa própria a ser defendida por Ele, através do nosso compromisso com essa mesma causa. A Solidariedade é a expressão máxima da Ética. “A terra foi dada a todas as pessoas e não apenas aos ricos” (S. Ambrósio). “A terra é minha, diz o Senhor e vós sois como migrantes e posseiros” (Lv 25,23). “A comunidade cristã não pode ficar à margem da defesa dos Direitos Humanos e da promoção da Justiça Social” (Bento XVI). A Reforma Agrária tem que ser efetivada também no Vale do Jequitinhonha.

 

É Tempo de Advento! É tempo de Solidariedade!

– Visita Solidária em Salto da Divisa, MG –

 

"Não é possível seguir o Evangelho

e ignorar a luta pela Justiça".

(Frei Paulinho, frade capuchinho,

participante da Visita Solidária em nome

do provincial da Província Mineira dos Capuchinhos).

 A causa dos Direitos Humanos pertence ao cerne das Sagradas Escrituras. Como filhas e filhos de Deus temos direitos inalienáveis à vida, à dignidade e à participação. A violação desses direitos fere profundamente a imagem de Deus no ser humano e se opõe à finalidade da Criação. O direito pisado, especialmente o direito do pobre, é assumido por Deus como causa própria a ser defendida por Ele, através do nosso compromisso com essa mesma causa. A Solidariedade é a expressão máxima da Ética. "A terra foi dada a todas as pessoas e não apenas aos ricos" (S. Ambrósio). "A terra é minha, diz o Senhor e vós sois como migrantes e posseiros" (Lv 25,23). "A comunidade cristã não pode ficar à margem da defesa dos Direitos Humanos e da promoção da Justiça Social" (Bento XVI). A Reforma Agrária tem que ser efetivada também no Vale do Jequitinhonha.

É acreditando nessas verdades que promovemos – entre os dias 2 e 6 de dezembro de 2009 – uma Visita Solidária ao Acampamento Dom Luciano Mendes e à Ir. Geraldinha, no Município de Salto da Divisa, na região do Baixo Rio Jequitinhonha, nordeste mineiro.

Logo na chegada, bem como em toda a Visita, nossos objetivos foram sendo confirmados:

a) fortalecer a luta do Acampamento Dom Luciano Mendes e de um grupo de posseiros daquele Município, contribuindo assim com o processo de Reforma Agrária na região do Vale do Jequitinhonha;

b) explicitar, juntamente com a Diocese de Almenara, o apoio à missão das Irmãs Dominicanas, dos Irmãos Capuchinhos na região, bem como ao GADDH – Grupo de Apoio e Defesa dos Direitos Humanos – à CPT e à Cáritas Diocesanas e

c) visibilizar, ao máximo, a solidariedade no sentido de que Ir. Geraldinha é dominicana, não é uma pessoa isolada, é parte de uma Rede local, regional, nacional e internacional.

"Nesta terra: um dia Justiça e Paz se abraçarão. Essa é a nossa esperança e a nossa força". "Povo unido é povo forte". "Geraldinha: sua coragem nos dá força". Essas frases – entre outras – compunham a "ornamentação-mensagem" do pequeno salão comunitário do Acampamento.

Nossa convivência solidária consistiu em: Visitas às famílias no Acampamento e junto aos posseiros a uns trinta quilômetros de distância; reuniões e celebrações no Acampamento e na cidade de Salto da Divisa; uma palestra com estudantes do Colégio local, participação em uma reunião dos posseiros com o Promotor Público; encontro com o Juiz, o Promotor Público e algumas outras autoridades; participações em uma das Rádios locais, bem como na Rádio da Diocese de Almenara, encontros da Equipe da Visita Solidária para avaliar e planejar comunitariamente as atividades. Acolhemos muitas manifestações de solidariedade em nível nacional e internacional.

Vimos, ouvimos e sentimos: uma realidade que clama por Vida e por Justiça (concentração da terra – afirma-se que 90% das terras estão nas mãos de duas famílias; latifúndio improdutivo e monocultura do eucalipto; Poder Político e Econômico igualmente concentrado e, conseqüentemente uma cultura de violência e dependência quase que total da população a esses coronéis, gerando situação de pobreza, exclusão e desigualdade social).

Vimos, ouvimos e sentimos também: comunidades com uma história de quase duas décadas de organização e conscientização popular creditada especialmente ao bom fermento que as Irmãs Dominicanas e os Frades Capuchinhos vêm sendo na região (um exemplo desse fermento é o GADDH – Grupo de Apoio e Defesa dos Direitos Humanos, que acaba de completar 12 anos de idade); a Diocese de Almenara com sua convicta e clara opção pelos pobres, expressa inclusive pela participação direta nessa Visita Solidária de alguns de seus agentes de pastoral, como foi o caso da CPT, da CARITAS e do frade franciscano e bispo Dom Hugo Maria Van Steekelenburg, bispo diocesano.

Vimos, ouvimos e sentimos o empenho e a solidariedade aos Acampados e Posseiros – como à Ir. Geraldinha – de Dom Hugo, das Irmãs Dominicanas de Jacinto e dos irmãos Capuchinhos de Salto da Divisa, bem como da Província Mineira dos Capuchinhos.

Vimos, ouvimos e sentimos ainda: Ir Geraldinha morando junto ao Acampamento, cansada, preocupada, ameaçada de morte, agora até sob proteção da Polícia Militar. No entanto, vimos, ouvimos e sentimos a mesma Ir. Geraldinha firme, solidária, disposta, sorridente e acreditando que outro mundo é possível, que a Reforma Agrária vai acontecer também no Vale do Jequitinhonha.

Diante do que vimos, ouvimos e sentimos, nos comprometemos solidariamente a ajudar:

a) na continuidade do discernimento dos passos visando o fortalecimento da caminhada da luta pela Reforma Agrária naquela região;

b) na articulação de presença periódica – Mutirão Dominicano – junto à comunidade das dominicanas de Jacinto e, com elas, estender tal presença junto ao Acampamento e aos Posseiros do Município de Salto da Divisa;

c) na articulação dos encaminhamentos junto às autoridades em nível local, estadual e federal, visando o acompanhamento da desapropriação da terra em questão e a segurança da Ir. Geraldinha e das demais pessoas do Acampamento ameaçadas de morte;

d) na continuidade da reflexão e das articulações, junto à Federação das Irmãs Dominicanas do Brasil, em vista de uma Comunidade Religiosa Dominicana na cidade de Salto da Divisa; e) na caminhada da Comissão de Direitos Humanos, recém aprovada em Assembléia Diocesana de Almenara e

f) manter a nossa Família Dominicana Nacional e Internacional e as Redes de Solidariedade, também Nacionais e Internacionais parceiras informadas sobre a caminhada

Para alguns e algumas de nós, ecoam fortes as palavras de Jó: "Eu te conhecia só de ouvir. Agora, os meus olhos te vêem" (42,5). Muito alegres todos e todas nós agradecemos a Deus, à ousadia dos pobres daquela região, à coragem, dedicação e entrega de Ir. Geraldinha na causa dos pobres de Deus e do Deus dos pobres, à oportunidade que tivemos de conviver com os nossos irmãos capuchinhos, com demais outros/as agentes de pastoral da Paróquia de Salto da Divisa, com o GADDH, com a comunidade religiosa dominicana da cidade de Jacinto e com uma série de outras pessoas da Diocese de Almenara, inclusive Dom Hugo. Expressamos nossa gratidão também a todas as pessoas e entidades de diversas partes do Brasil e de muitos lugares do exterior que tem se manifestado solidariamente.

Com os olhos fixos no Deus da Vida, como Montesino denuncia no 4º domingo do Advento em 1511, em nome da 1ª Comunidade Dominicana nas Américas, indignados e indignadas, perguntamos: "E esses, não são humanos?". Acreditamos e por isso professamos: "Sim! Existe um fruto para os justos, porque existe um Deus que faz Justiça sobre a terra" (Salmo 58,12).

Abraços solidários.

√ Participantes da Visita Solidária: Ir. Rosa Maria Barboza, Ir. Teresinha de Jesus Reis, Ir. Marilande dos Santos Silva, Ir. Doraildes da Silva Matos, Ir. Célia Luci Apolinário, Irmã Sílvia Rodrigues, Frei Paulo Sérgio Moreira Braz, Pedro Antônio de Morais, Dom Tomás Balduino, Frei José Fernandes Alves, Frei João Xerri, Frei Emílio Santi Piro, Frei Lázaro de Freitas, Edivaldo Ferreira Lopes, Marilene Araujo Carvalho, Fátima Pereira dos Santos, Ir. Geraldinha e Dom Hugo Maria Van Steekelenburg (esses sete últimos, também destinatários especiais de nossa solidariedade).

Entidades representadas: Província das Irmãs Dominicanas da Congregação Romana de São Domingos, Comunidade Dominicana da cidade de Jacinto, Comunidade dos Frades Capuchinhos de Salto da Divisa, GADDH – Grupo de Apoio e Defesa dos Direitos Humanos, Comunidade Dominicana da cidade de Monte Formoso; Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, Grupo Solidário São Domingos, Comissão Pastoral da Terra, Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, Centro de Direitos Humanos de Formoso do Araguaia, Província Dominicana "Frei Bartolomeu de Las Casas" e Diocese de Almenara.

 

 

 

 

 

Deja un comentario

Tu dirección de correo electrónico no será publicada. Los campos obligatorios están marcados con *

Scroll al inicio